quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ainda e sempre a violência doméstica!

Não podia deixar de comentar uma notícia que falava sobre outro tipo de violência doméstica, mas que funciona tipo parente pobre, pois raramente é falado, excepção feita quando acaba da pior maneira.
Dizia então a notícia que em Ílhavo, mas que poderia muito bem ser noutro lado qualquer, um rapaz de 30 e poucos anos agrediu á facada a mãe, na casa dos 70 anos, depois de ela se ter recusado a dar-lhe dinheiro, coisa que seria normal ele fazer quando ia a casa e que geralmente dava para ouvir os gritos e os insultos por toda a vizinhança.
Não quero dizer com isto que temos obrigatoriamente de manter uma relação de amizade com os nossos pais, mas também sou contra a agressão, tanto verbal como física a quem por vezes tudo seria capaz de fazer por nós, mas por mais estranho que possa parecer é na classe mais abastada ou pelo menos de classe média alta que os casos de agressão são mais frequentes, porque no chamado povo ainda se tem a mãe principalmente como símbolo máximo de veneração e por quem vale a pena fazer qualquer coisa, tendo também como desejo desse mesmo povo, poder um dia cuidar dos nossos “velhotes”.
Falo deste caso como poderia falar de muitos iguais, alguns deles passados bem perto das nossas portas e tendo também em comum a recusa de dinheiro, tornando-se ainda mais grave por esses meninos estarem habituados, pelo menos nos casos que eu conheço, de sempre que queriam alguma coisa, ela aparecia sem que fosse preciso qualquer esforço para isso, e como nunca foram habituados a cumprir regras e tinham a vantagem do facilitismo dos estudos em colégios particulares, não conseguem nem têm vontade de trabalhar para ninguém, pois cumprir ordens, horários e objectivos não é com estes meninos que depois ainda se gabam de não receberem ordens de ninguém.
Ainda á bem pouco tempo, ao conversar com um dos meus melhores amigos de infância, fiquei a saber que o irmão mais novo batia nos pais por essa razão, outro puto que eu vi crescer na minha rua, á bem pouco tempo quis mandar a mãe do quinto andar, onde habita a irmã, por a mãe lhe ter dito que não tinha dinheiro para lhe dar, roubando depois tudo em casa, tendo a mãe que mandar pôr grades na janela.
Posso não ter sido dos melhores exemplos na maneira de responder aos meus pais, mas tinha vergonha de mim mesmo se algum dia os tivesse agredido, e quando precisei verdadeiramente de alguém, sabia sempre que podia contar com eles para tudo.
Por isso mesmo e por muitas outras razões acho que não se está a dar a devida atenção a este problema, e depois quando admitirmos que existe é geralmente tarde para quem entretanto foi mal tratado e continua a viver com o trauma de poder ser agredida ou até perder a vida numa dessas agressões. Tenho a certeza absoluta que essas mães e esses pais preferem viver em paz, do que servir de inspiração para um memorial.

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